O tratamento do ceratocone deve ser individualizado, pois depende de diversos fatores: idade em que foi feito o diagnóstico, alergia ocular, progressão da doença, qualidade visual, presença de complicações, presença de outras doenças oculares.
O ponto principal no manejo é o controle da alergia ocular, visto que este é o fator de risco mais importante para o aparecimento e progressão do ceratocone.
A córnea normal pode apresentar astigmatismo regular naturalmente, entretanto quando há irregularidade o diagnóstico de ceratocone deve ser suspeitado.
– Incipiente (Grau I): até 47,00 D
– Moderado (Grau II): acima de 47,00 D até 52,00 D
– Avançado (Grau III): acima de 52,00 D até 60,00 D
– Severo (Grau IV): acima 60,00 D
Cone Redondo (Nipple Cone)
Consiste de uma pequena ectasia próxima do centro, menor do que 5 mm de diâmetro (Ø) cercada quase 360º de zona intermediária de córnea normal; presença ocasional de um nódulo fibroblástico elevado no ápice da córnea, daí o nome de ceratocone em bico (nipple).
Cone Oval (Sagging Cone)
É a forma mais comum de ceratocone avançado. O ápice corneal apresenta-se deslocado abaixo da linha mediana, resultando em graus variados de encurvamento na zona mediana periférica inferior. Esse deslocamento da córnea inferior cria uma ilha de córnea superior normal ou mais plana do que a normal, de praticamente 180º.
Cone Globoso (Globus Cone)
É a forma de cone que abrange quase 3/4 da superfície corneal. Diferente da forma avançada do ceratocone em bico ou do oval, o globoso não tem ilha de meia periferia de córnea normal, acima ou abaixo da linha mediana.
De acordo com a forma e localização de seu ápice:
O CCTC – Centro Catarinense de Tratamento do Ceratocone é uma iniciativa do Departamento de Córnea e Lentes de Contato do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, que tem como objetivo prestar um atendimento unificado e integral aos pacientes com ceratocone.
Além disso, o CCTC possui cirurgiões com especialização no tratamento do ceratocone, incluindo implante de anel de ferrara, crosslinking e transplante de córnea. Também são realizados transplantes lamelares profundos, que reduzem o risco de rejeição, infecção e aumentam a sobrevida do transplante.
Para os pacientes que apresentam necessidade de correção óptica após o transplante, o CCTC possui lentes especiais e os maiores avanços no tratamento desses graus com cirurgia refrativa a laser. Tratamentos personalizados na topografia corneana e nas aberrações ópticas também são realizados.
Graças aos avanços da medicina e da tecnologia, hoje já existem várias alternativas para melhorar a visão e controlar a progressão desta doença. Nossa equipe, preocupada com o bem-estar dos pacientes, atualiza-se constantemente e traz para o Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem todas as novidades para o diagnóstico, controle e tratamento dos problemas oculares.
A córnea é uma estrutura transparente, quase esférica e regular. Através dela penetram os raios luminosos que são captados pela retina (fundo do olho). Qualquer distorção na córnea causa redução na qualidade da imagem que chega à retina.
Ceratocone é uma doença não inflamatória da córnea na qual a baixa rigidez do colágeno corneano permite que a área central ou paracentral assuma forma cônica (do grego: “kerato” significa córnea e “conus” forma cônica). A córnea tornando-se progressivamente mais fina e irregular, resultando na distorção das imagens.
Essa irregularidade, na maioria dos casos, causa baixa visual não recuperável com óculos, isto é, mesmo com um bom exame de refração a acuidade visual não é boa. As lentes de contato (LC) rígidas ou gelatinosas especiais costumam propiciar boa visão, pois simulam uma nova superfície corneana regular. A evolução da doença pode levar o paciente a ser intolerante às LC e necessitar de um procedimento cirúrgico como anel intracorneano (Anel de Ferrara). O transplante de córnea é realizado somente em 10% dos casos, quando a progressão provoca cicatrizes corneanas ou quando a visão não é satisfatória com os tratamentos anteriores.
O ceratocone geralmente aparece na adolescência ou em adultos jovens e progride até 35 a 40 anos de idade. Segundo pesquisas mais recentes, o ceratocone pode acometer até uma a cada 375 pessoas, porém, este dado varia dependendo de alguns fatores.
A progressão normalmente é lenta, mas pode haver períodos de tempo em que a piora é rápida. É impossível prever qual a velocidade de progressão ou se ela vai realmente ocorrer em um determinado caso. Os jovens com doenças avançadas têm maior chance de progressão, enquanto que após os 35 anos de idade a doença dificilmente piora.
No início, o diagnóstico pode ser difícil, pois o exame biomicroscópico (utilizado para avaliar a córnea em grande aumento) é praticamente normal. Muitas vezes, o oftalmologista diagnostica somente astigmatismo e miopia. O astigmatismo decorre da irregularidade e a miopia do abaulamento corneano. Nas situações iniciais, o diagnóstico é feito utilizando-se o exame chamado topografia e/ou tomografia de córnea (mais detalhes na parte de exames). Estes também são os melhores exames para avaliar objetivamente a progressão da doença.
O ceratocone é uma doença bilateral, embora, em alguns casos, possa acometer mais um olho do que o outro. Homens e mulheres são afetados na mesma proporção.
As causas específicas ainda não são conhecidas, mas a origem mais provável é a genética. Apesar disto, somente 20% dos pacientes com ceratocone tem alguém na família com a doença. Quando não existirem casos na família a probabilidade dos filhos terem ceratocone é menor que 15%. Os pacientes que apresentam predisposição e tem o hábito de coçar os olhos, geralmente vão ter uma doença mais precoce e mais avançada.
O ceratômetro é um aparelho óptico que mede a curvatura anterior da córnea nos seus 3 mm centrais. A medida da curvatura é feita nos 2 meridianos primários, um vertical e outro horizontal, distantes 90° um do outro.
Quanto mais uniforme for a superfície da córnea, mais precisas serão as medidas. No caso de ceratocone, as miras podem se apresentar deformadas e de contornos irregulares. Como o ceratômetro mede uma área pequena e limitada da córnea, avaliações adicionais com a topografia e a tomografia corneana são fundamentais.
Neste caso, as medidas não são exatas pois as miras se duplicam, dificultando a leitura.
Na fase inicial da doença, quando o astigmatismo irregular é pequeno, a correção visual pode ser feita com óculos. Para outros estágios, indicam-se lentes de contato (LC).
As LC representam a primeira opção para recuperação visual porque substituem a superfície irregular da córnea por outra regular. Elas permitem melhora da visão, mesmo nos graus avançados da doença, mas não evitam a sua progressão.
Existem muitos desenhos e tipos de lentes para adaptação em ceratocone. O modelo ideal é determinado de acordo com a forma do cone, evolução da doença e os testes com lentes de prova.
Além das rígidas gás-permeáveis de desenho esférico que é o mais comum, são fabricadas lentes asféricas, e outras com zona óptica esférica e periféricas asféricas. Esses desenhos são ideais para cones paracentrais e periféricos.
As lentes bicurvas tipo Soper, policurvas tipo McGuire e outras, são usadas geralmente em cones moderados a avançados com localização central ou paracentral, pois seu desenho protege a essa região mais elevada do cone.
Quando a adaptação de lentes rígidas gás permeáveis não é bem tolerada pelo paciente ou gera problemas recorrentes pelo toque da LC, pode-se utilizar LC gelatinosas desenhos especiais com o centro mais encorpado, lentes em sistema piggyback (uma lente rigida sobre uma lente gelatinosa) ou ainda lentes com material híbrido (rígido no centro e gelatinoso na borda).
Atualmente, existem também opções de lentes de contato esclerais, as quais são maiores com área de apoio na esclera. Apresentam maior conforto ao uso, em relação com as lentes corneanas, com o beneficio de também serem rígidas e formarem uma superfície mais regular na frente do olho.