O Departamento de Lentes de Contato do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem (HOSAG), pioneiro em Santa Catarina na adaptação de Lentes de Contato e Próteses Oculares, está sempre em busca de aperfeiçoamento e inovação. É referência nacional e internacional nesta área da oftalmologia, e trabalha com todos os tipos de lentes de contato disponíveis no Brasil. Além disso, é composto por uma equipe com formação técnica e científica que oferece informações, orientações e treinamento para o uso seguro das lentes de contato. Fazem parte da equipe uma ortoptista e técnicas com especialização em próteses oculares, além de assistentes para outras áreas. Por isso, consegue ter alto índice de adaptações em córneas irregulares como ceratocone, pós-transplante, pós-trauma e após outras cirurgias oculares.
A popularização das lentes ajudou a difundir a ideia de que sua adaptação não demanda cuidados, o que não é verdade. Lentes de contato cosméticas, com ou sem grau, devem ser adaptadas pelo oftalmologista, após o exame completo das condições do olho. Isso porque a lente fica em contato direto com o olho e dentro do corpo humano, durante o ato de piscar. Além disso, ainda não existe lente cosmética cujo material permite dormir com ela.
Durante o teste avalia-se a curvatura e o diâmetro, importantes para a centralização, e a pessoa conferir a tonalidade que combina com seu tom de pele. A mesma lente pode apresentar diferentes tonalidades dependendo da cor da íris de cada usuário.
Os cuidados com conservação, manuseio e tempo de troca devem ser feitos como qualquer outro tipo de lente de contato gelatinosa.
O uso indevido das lentes pode ocasionar desde pequenas irritações oculares até problemas mais graves como as úlceras de córnea. Úlcera de córnea, que pode deixar sequela na visão em usuário de lente rígida gás-permeável, ocorre em torno de 1 caso para cada 10.000; para quem usa gelatinosa mas remove todos os dias, 3,4 casos em cada 10.000; e entre os que usam gelatinosas e dormem com as lentes, 10 a 20 casos para cada 10.000. Este número varia conforme a qualidade do material da lente e das condições ambientais e oculares.
Os usuários de lentes de contato devem seguir as recomendações de limpeza e desinfecção e respeitar o período de uso e troca das lentes. Existem diversos tipos de lentes e cada qual tem um tempo de descartabilidade
Problemas de inflamação e infecção geralmente ocorrem com pessoas que adquirem lentes descartáveis para um mês e as utilizam por 2 a 3 meses; além disso, também por economia, utilizam soro fisiológico para sua conservação.
Limpeza do estojo
Deve ser feita pelo menos uma vez por semana, com a mesma solução de multipropósito. Deixar o estojo secar no ar e, depois de seco, guardá-lo fechado. Recomenda-se utilizar estojo descartável ou trocá-lo, pelo menos, a cada 6 meses, para evitar o acúmulo de depósitos e bactérias. Estojo contaminado leva à contaminação da lente e do olho.
Higiene das mãos, olhos e anexos
Antes de tocar na lente de contato, recomenda-se lavar as mãos com sabonete neutro para remover restos de oleosidade, cremes, nicotina ou corpos estranhos que possam danificá-las. Devem ser evitados sabonetes com creme antisséptico, desodorante químico ou fragrância pesada porque pequenas porções dessas substâncias podem ser transferidas para o olho. Recomenda-se ainda secar as mãos em toalhas que não soltem fiapos e manter as unhas sempre aparadas e limpas. É preciso também lembrar de remover as lentes antes de utilizar cremes de limpeza para a higiene das bordas palpebrais e cílios.
Limpeza da lente de contato
A limpeza deve ser feita sempre que a lente de contato for removida do olho, com solução limpadora que contém substâncias detergentes indicadas para remover oleosidades, mucosidades e cosméticos. Para quem faz uso de lente de contato de troca anual e tem tendência à formação de depósitos, recomenda-se limpeza enzimática diária ou semanal, que age especificamente na remoção de proteínas do próprio filme lacrimal, que aderem na lente e podem provocar conjuntivite. Deve-se criar o hábito de iniciar o manuseio sempre pela mesma lente, para evitar a troca.
Enxágue
Indica-se para remover os depósitos soltos e a solução limpadora da superfície da lente. Com a lente na palma da mão, dirige-se um jato constante de solução, multiuso ou salina, fazendo-se leve fricção de trás para frente. Recomenda-se um segundo enxágue, sem fricção. No caso de usar soro fisiológico, adquirir frascos pequenos descartáveis, diminuindo o risco de contaminação. Nunca usar água de torneira, filtrada ou mineral.
Desinfecção
Após a limpeza e o enxágue, a lente deve ser submetida à desinfecção para eliminar os microrganismos patogênicos. Para isso, elas devem ficar imersas por 4 horas, no mínimo, em solução multiuso.
Neutralização
É necessária para os desinfetantes fortes como peróxido de hidrogênio, que podem irritar os olhos.
Lubrificação ou umedecimento
Antes da inserção e/ou durante o uso, a instilação de gotas lubrificantes torna as lentes mais confortáveis.
É fundamental adaptar as lentes de contato com um oftalmologista, o único profissional que entende de anatomia, fisiologia e patologia ocular. Com elas pode-se corrigir quase todos os tipos de grau com vantagens visuais. No entanto, para evitar complicações, os usuários devem respeitar o tempo de uso e troca das lentes, além de atentar para os cuidados de limpeza e desinfecção. Isso é feito com facilidade por meio de soluções multiuso; com uma única solução pode-se limpar, desinfetar e guardar as lentes. Soluções complementares são necessárias para algumas pessoas que apresentam alterações oculares, palpebrais, conjuntivais ou do filme lacrimal.
A adaptação de lentes de contato é um processo dinâmico que só termina quando a pessoa abandona seu uso. Por isso, recomenda-se consulta oftalmológica a cada 6 meses para quem dorme com as lentes e anual para os que fazem uso diário. Muitos problemas oculares não apresentam sintomas na fase inicial, mas podem ser vistos e tratados precocemente pelo médico evitando maiores complicações.
As lentes de contato podem ser contraindicadas na presença de:
Apenas para substituir os óculos, por questões estéticas ou limitações esportivas, indicamos lentes a partir de 10 anos de idade, quando a criança já consegue manusear sozinha, embora sempre seja solicitada a supervisão da família.
Na verdade, quase todas as pessoas que necessitam de óculos e não gostam de usá-los podem substituí-los por lentes de contato.
Muitos problemas oculares necessitam do uso de lentes de contato para recuperar a visão. Por exemplo, criança que nasce com catarata congênita deve ser operada precocemente e o cristalino, que nesta idade vale em torno de 25 graus, deve ser substituído por lentes de contato ou óculos. Para crianças de qualquer idade, portadoras de altos graus nos dois olhos, ou com anisometropia (diferença entre os dois olhos superior a 3 graus), indica-se lente de contato com o objetivo de enviar uma imagem correta para o cérebro, a fim de que haja bom desenvolvimento visual, evitando-se a ambliopia (olho preguiçoso), causa potencial de cegueira.
A indicação médica mais frequente para o uso de lentes de contato Rigida é o ceratocone. Essa doença, que se desenvolve geralmente na adolescência, provoca protusão da córnea (deixa-a pontuda) causando irregularidades que borram a visão. A lente de contato, principalmente a rígida gás-permeável, que não se amolda e substitui a superfície irregular da córnea por outra regular, restabelece a visão.
Além do ceratocone, todos os casos de distorção corneal, como os causados por cicatrizes, traumáticas ou pós-cirúrgicas, podem ter recuperação visual muito melhor com lentes de contato do que com óculos.
Lentes de contato terapêuticas podem ser utilizadas para aliviar a dor e como reservatório de medicamentos para auxiliar no tratamento de muitas doenças oculares. Existem também as gelatinosas coloridas, pigmentadas e filtrantes, adaptadas para mudar a cor dos olhos ou com finalidade estética em cicatrizes aparentes ou desfiguração ocular.
Para quem quer começar a usar lentes de contato, o primeiro passo é procurar um oftalmologista e passar por exames para avaliar a saúde dos olhos, além de determinar as medidas que irão ajudar na escolha do desenho, da curva e do grau da primeira lente de teste.
Algumas doenças oculares como infecções crônicas, olho seco e alergia severa podem limitar ou mesmo contra indicar o uso de lentes de contato.
Corretamente adaptadas, as lentes de contato podem, com segurança, substituir os óculos em casos de miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia (necessidade de óculos para perto, após os 40 anos). Em muitos casos as lentes de contato proporcionam melhor visão do que os óculos. Por exemplo, um portador de alto grau de miopia sofre, com os óculos, redução de imagem em torno de 25%; com lentes de contato a imagem fica do tamanho normal, permitindo enxergar mais nítido e mais longe. Além disso, amplia-se o campo visual porque, ao moverem-se com os olhos, as LC permanecem sobre o eixo visual e ficam livres das aberrações periféricas provocadas pelas lentes dos óculos. Também no astigmatismo o uso de lentes de contato, principalmente as rígidas gás-permeáveis, permite visão mais nítida do que os óculos.
A lágrima não pode ser considerada como fluido infeccioso, pois a quantidade de vírus encontrada na lágrima de uma pessoa com AIDS é muito pequena. No entanto, a lágrima é considerada como fonte de contaminação de HIV quando está misturada com sangue.
Em ambientes com poeira prefere-se adaptar lente gelatinosa, que por ser grande e se moldar à superfície anterior do olho, dificilmente permitirá que um corpo estranho penetre debaixo da LC, ao contrário do que acontece com a LC Rígida corneana. Outra opção, é usar lentes rígidas apoiadas na escleral (esclerais).
Em ambientes com produtos químicos, voláteis ou fumaças irritantes, evita-se a gelatinosa, porque essas substâncias podem ser absorvidas pelo material da lente e irritar os olhos. Aconselha-se utilizar óculos de proteção em qualquer ambiente poluído.
A anatomia do olho não permite que a LC se desloque para trás dele, mas ela pode permanecer escondida sob as pálpebras. Se isso ocorrer e não for possível removê-la, procure o oftalmologista.
Lembrar que:
– Dormir com LC aumenta o risco de complicações, por isso quem dorme com LC deve passar por exame oftalmológico a cada 6 meses.
– Mesmo uma LC bem adaptada pode causar irritação ocular se houver sensibilidade aos produtos químicos utilizados na manutenção. Tais soluções contêm preservativos que, em algumas pessoas , podem causar reação tóxica (manifesta-se nos primeiros minutos ou horas do uso da LC) ou reações alérgicas (após meses de uso da LC).
– A gravidez pode alterar o uso confortável da LC.
– Paciente em estado de inconsciência deve ter suas LC removidas.
– Todo usuário de LC deve ter óculos, para usar em situações inesperadas (perda da LC, conjuntivites, irritações).
– Receita de óculos não é sinônimo de receita de LC. Serve apenas como base para se determinar o grau, que também pode sofrer variação de acordo com a curvatura da LC utilizada.
– O uso de óculos escuros sobre as LC não é obrigatório, mas pode melhorar o conforto, principalmente no início da adaptação.
– O uso de LC em ambientes secos (ex. aviões) deve ser evitado porque ocorre a desidratação da LC com consequente desconforto. Se for necessário viajar com as LC, deixar à mão o colírio umidificante.
Os colírios recomendados para o uso concomitante com as LC gelatinosas são os lubrificantes/umidificantes, para evitar a alteração do material e provocar irritação ocular.
A preocupação de usar LC durante a natação está no risco da infecção porque ambientes aquáticos estão mais propensos a contaminações. Entretanto, deve-se considerar que para evitar acidentes pessoais e melhorar a performance no esporte, a boa visão à distância é fundamental.
No mar ou em lagos abertos, a contaminação por produtos químicos e até esgotos pode existir, mas estudos mostraram baixa prevalência de micróbios em LC gelatinosas de nadadores.
Nas piscinas, proliferam-se microrganismos que podem causar vários tipos de doenças, entre elas úlceras de córnea em usuários de LC. Para diminuir a contaminação da água, utilizam-se grandes quantidades de cloro que em contato com a LC podem torná-la amarelada e causar irritação ocular. Por isso, recomendam-se alguns cuidados especiais para os usuários de LC.
Recomenda-se colocar as LC antes da maquiagem, usar produtos hipoalérgicos, dar preferência a sombra e pó facial compactos, não passar delineador ou lápis na parte interna da borda palpebral, realizar a troca de rímel a cada três meses (lavando o pincel com frequência) e remover as LC antes de retirar a maquiagem.
Devem ser evitados rímel à prova d’água, sombras em pó, excesso de creme na pálpebra superior, produtos oleosos nas bordas palpebrais, shampoos medicamentosos e produtos em aerossol.
Remover a LC ao fazer peeling ou limpeza de pele, tinturas e permanentes.
Existem dois grupos de crianças usuárias de LC. O primeiro, geralmente pré-adolescentes e adolescentes, que usam para a correção estética das ametropias (substituindo os óculos). Os objetivos principais são: praticar esportes e melhorar convívio social. O segundo grupo é composto por crianças que necessitam usar LC para a recuperação da visão.
Não há idade para adaptar LC. Prefere-se indicar a partir dos 12 anos quando o motivo for apenas estético, a menos que o grau seja alto porque, neste caso, a vantagem não é apenas estética, mas, também visual. A partir dessa idade, geralmente, o jovem compreende as orientações e aceita a responsabilidade de cuidar e de manusear suas LC. Ainda assim, os pais devem acompanhar e supervisionar todo o processo.
As LC utilizadas em crianças podem ser RGP ou gelatinosas, transparentes ou coloridas, dependendo da necessidade.
As indicações médicas para adaptar LC em crianças com menos de 5 anos têm como objetivo principal permitir um desenvolvimento normal da visão, prevenindo ou minimizando a ambliopia (olho preguiçoso). As indicações mais frequentes são para crianças operadas de catarata; portadoras de anisometropia (graus diferentes entre os dois olhos); com ametropias elevadas (graus altos); pós-trauma ocular e outros astigmatismos irregulares.
O uso de LC cosméticas, coloridas ou pintadas, auxilia no tratamento da fotofobia em crianças portadoras de aniridia (falta da íris, parte que fornece a cor do olho), albinismo (falta de pigmento na íris) e em outros casos especiais. LC cosmética com pupila preta pode ser usada como forma de tampão no tratamento de ambliopia (olho preguiçoso) ou para mascarar um defeito desfigurante em olho sem visão.
A criança adapta-se facilmente tanto ao uso quanto à rotina de cuidados que lhe é ensinada. Os pais e as crianças levam de 2 a 4 semanas para ficarem completamente familiarizados com a rotina das LC.
O ceratômetro é um aparelho óptico que mede a curvatura anterior da córnea nos seus 3 mm centrais. A medida da curvatura é feita nos 2 meridianos primários, um vertical e outro horizontal, distantes 90° um do outro. Quanto mais uniforme for a superfície da córnea, mais precisas serão as medidas. No caso de ceratocone as miras podem se apresentar deformadas e de contornos irregulares. Neste caso, as medidas não são exatas pois as miras se duplicam e dificultando a leitura.
A correção visual do portador de ceratocone depende da gravidade da doença e de suas necessidades individuais. Nos casos incipientes, muitas vezes, é desnecessário o uso de correção óptica; nos moderados, o uso de óculos pode ser suficiente.
As LC RGP são a principal opção para o tratamento do ceratocone porque fornecem superfície refrativa regular, neutralizam as aberrações ópticas e as distorções da superfície corneal anterior, melhorando a visão, mesmo nos graus avançados da doença.
Os avanços tecnológicos dos desenhos e materiais das LC têm permitido sua adaptação em quase todos os graus de ceratocone. Com a adaptação correta, a maioria dos pacientes alcança acuidade visual (AV) igual ou melhor do que 20/40.
Tipos de LC usadas para o ceratocone
Intercorrências associadas ao Uso de Lentes de Contato: